terça-feira, 28 de julho de 2015

[#LeiaResenhas] Stephen King - Sob a Redoma


Crítica do livro "Sob a Redoma", de Stephen King. Montagem: Renato Souza.
Eu nunca, desde que me entendo por livros (risos), havia lido um que contivesse 954 páginas. Eu pensava que nunca leria um desse tamanho, pensava que a história ficaria cansativa, que não conseguiria prender o leitor até o fim, mas agora eu entendo por que Stephen King tem a fama que tem.

A única coisa que eu contaria na sinopse do livro “Sob a Redoma” é que, misteriosamente, uma redoma (espécie de bola de vidro) cobre a cidade de Chester’s Mill. O evento não tem uma explicação plausível, mas gera um grande alvoroço nos moradores, que se comportam de diferentes maneiras, já que a autoridade local, o vilão Big Jim, passa a querer dominar a tudo e a todos, mas de maneira camuflada, pois a intenção é se passar por herói para a maioria dos moradores. É difícil especificar mais do que isso, porque existem muitos (mas muitos mesmo!) personagens e histórias dentro do livro, que é estruturado em uma espécie de seriado.

O livro começa um pouco frio apesar do evento catastrófico inicial. É difícil assimilar tantos personagens e enredos nas primeiras páginas. De verdade, o autor deve ser bastante louco para construir uma história como essa, com tantas pessoas envolvidas que eu acabei perdendo a conta. Gastei todo meu estoque de atores na memória para conseguir visualizar as cenas (risos). E não se enganem, todos os nomes citados têm um papel em algum momento.

Porém, o que engrandece o livro é também o que tira um pouco do seu brilho. Ter um grande número de personagens é muito bom sob diversos aspectos. As histórias se cruzam de maneira eletrizante e isso prende o leitor quase a todo momento. Acontece que, em vez de todos os personagens serem introduzidos pelo menos nas trezentas ou quatrocentas primeiras páginas, sempre nos deparamos com novos nomes; ou então, alguém que foi citado anteriormente só volta a ser citado depois de muitos capítulos. Isso impede que todos possam ser trabalhados com a devida atenção e alguns passam despercebidos, pois não tiveram uma trajetória que tenha chamado tanta atenção. Em outras palavras, foram "só mais um".

Com relação à história, nada a reclamar. Ela segue um ritmo de tensão e drama cada vez mais crescente e podemos visualizar esse livro de fato como um seriado, apesar de não ter praticamente nada a ver com o que está atualmente na terceira temporada. Nesse contexto, fica a dica: talvez seja interessante dividir a leitura em temporadas, só mesmo para curtir ainda mais a história e conseguir absorver tudo. No meu caso eu dividi em duas, sendo que a primeira terminou na página 400 e depois de algum tempo eu iniciei a segunda, que foi bem melhor que a primeira. Os "últimos episódios" foram de tirar o fôlego, se é que me entendem (risos).

Sobre o final do livro, entendo que irá dividir opiniões. Eu particularmente aprecio muito aqueles finais que fogem do comum e que precisam de boa interpretação do leitor para entender a mensagem do autor. Isso gera grandes discussões entre os leitores, o livro fica eternizado e permanece a vontade de lê-lo novamente, sob outro olhar.

Apesar de termos a impressão de que o livro se trata de desvendar o que é a redoma, porque ela apareceu e como destrui-la, penso que o autor quis focar no que acontece com o ser humano quando ele é limitado por tempo e espaço. Stephen King não queria gastar tempo explicando a redoma, mas focando no caos implantado na cidade enclausurada. Com o evento catastrófico, as leis mudam, o conflito de interesses se torna maior e o psicológico da população fica cada vez mais frágil, pois bate o desespero de a comida, a água e etc. acabarem e a redoma não desaparecer até lá, entre outras situações. Além disso, ainda tem um vilão muito bem construído que sabe usar o medo dos outros a seu favor e consegue dominar praticamente a cidade toda – Big Jim.

Dessa forma, Sob a Redoma é um livro que beira a perfeição. Chega a ser inacreditável como uma história pode te prender apesar de mais de 900 páginas, que nem são sentidas durante a leitura. Existe sempre um arco de episódios que terminam em uma situação chocante e a história flui com muita naturalidade.

Este foi apenas o primeiro livro que leio de Stephen King, mas já o coloquei entre os meus favoritos e me tornei um fã da sua forma de escrever e imaginar uma história como essa. Recomendo! #LeiaUrgente.