terça-feira, 27 de outubro de 2015

[#LeiaResenhas] Harlan Coben - O Preço da Vitória

Crítica do Livro "O Preço da Vitória", de Harlan Coben. Montagem: Renato Souza.
Mesmo quando você já está acostumado com Harlan Coben, é difícil pegar um livro dele e não se envolver com a história e com os personagens e se surpreender. Ele tem um jeito peculiar de escrever enredos de suspense policial de uma forma moderna, com temas atrativos e com pequenas doses de humor, além de fazer uma espécie de “meu amigo leitor, eu penso exatamente como você sobre essa frase que acabei de colocar”, como se fosse uma autocrítica ou autoanálise. Só quem acompanha sabe do que estou falando (risos).

A série do agente esportivo Myron Bolitar, a mais conhecida do autor, chega ao seu quarto livro, intitulado “O Preço da Vitória”. Depois de mexer com casos no ramo do futebol americano (“Quebra de Confiança”), no tênis (“Jogada Mortal”) e no basquete (“Sem Deixar Rastros”), Myron, juntamente com seus amigos e parceiros de investigações Win e Esperanza, precisa lidar com um sequestro no mínimo estranho do filho de um golfista de sucesso. Tudo começa quando a esposa de “Jack”, conhecida como “Linda”, procura Bolitar e relata a situação. Aparentemente o sequestro é apenas uma armação do filho do casal, mas aos poucos a história vai se mostrando mais séria e os mistérios se tornam cada vez maiores. Paralelamente aprendemos um pouco mais sobre o perfil dos coadjuvantes Esperanza e principalmente Win, o qual tem o seu passado explicado finalmente.

Já de início é possível adiantar que este foi um dos livros mais surpreendentes de Harlan Coben. Para quem começa a lê-lo se depara com a linguagem familiar do autor e encontra algumas semelhanças com obras lidas anteriormente. Assim, acredita que já pode prever como será o desfecho da história, sobretudo porque todos os fatos o levam a crer que dificilmente se surpreenderá com as revelações, mas é aí que o leitor comete um erro. Tudo parece simples e durante algumas páginas existe o receio da decepção, mas quando se fala de um dos mestres do suspense policial moderno, jamais se pode subestimar a habilidade de escrita dele.

Particularmente gosto muito quando um autor consegue te deixar preso ao enredo, mas daquele tipo bem empolgante, e sem enrolar com segredos que só se acumulam e tantas reviravoltas. Claro, Harlan Coben reservou revelações surpreendentes até a última página do livro, mas não precisou chegar até ela para jogar todas de uma só vez. Capítulo após capítulo somos presenteados com cenas e diálogos muito interessantes e ocasionalmente um dos mistérios é revelado. Além disso, as subtramas são muito bem encaixadas no contexto. Com essa fórmula, fica difícil não querer devorar o livro rapidamente.

Mesmo sendo um fã do autor, havia algum tempo que não lia uma obra sua, mas de propósito, para que eu pudesse preservar a empolgação ao conferir mais um livro seu. Parece ter dado certo, porque retomar “as atividades” me lembrou por que Harlan Coben é um premiado mestre da literatura policial. Já li mais de dez livros dele e ainda sim me surpreendi com “O Preço da Vitória”, o qual coloco como um dos melhores até aqui. Muito bom, recomendo!

[#LeiaResenhas] Kimberly McCreight - Reconstruindo Amélia

Crítica do Livro "Reconstruindo Amélia", de Kimberly McCreight. Montagem: Renato Souza.

Livros que abordam questões sociais modernas são definitivamente a minha praia. Com uma trama eletrizante sobre todo o drama, então, aí fica perfeito. Assim foi com o livro “Reconstruindo Amélia”, de Kimberly McCreight.

Na simples sinopse, quando sua mãe estava no caminho para verificar uma denúncia da direção por mau comportamento da filha, mais especificamente um plágio de trabalho, Amélia, uma adolescente de 15 anos, comete suicídio na sua escola, pulando do segundo andar. A mãe, em estado de choque, não acredita no que aconteceu, já que Amélia era uma aluna exemplar e (aparentemente) não tinha problema de relacionamento nem com ela e nem com nenhum colega. A história começa a ficar ainda mais misteriosa quando Kate recebe em seu celular a mensagem anônima: "Amélia não pulou".

Assim, o livro se intercala entre a narração de Amélia (1ª pessoa), que vai contando tudo que se passou até o dia da sua morte; e a narração em 3ª pessoa acompanhando a trajetória de Kate na busca pela verdade. A cada capítulo a sua filha vai sendo revelada tanto para a mãe quanto para o leitor.

O livro é incrível. Abordando questões como o preconceito, o bullying na escola e a necessidade de pertencer a algum grupo estudantil para se sentir aceito são abordados de maneira que fica impossível querer largar o livro. A autora tem um domínio sobre a escrita e sabe exatamente aonde quer chegar com a trama. Os diálogos são incríveis e as descrições são na medida certa.

É difícil não se comover com a história, já que é tudo muito real e perfeitamente plausível de acontecer. É de certa forma uma denúncia para o que hoje acontece nessa era tecnológica, a qual afeta o relacionamento entre pais e filhos e o ambiente escolar do indivíduo, o qual por sua vez pode acarretar inúmeros problemas psicológicos aos estudantes.

"Reconstruindo Amélia" é um drama com suspense que prende desde a primeira página, com várias revelações que pegam o leitor de surpresa. Sem dúvida este livro entra para um dos meus favoritos e uma das melhores leituras que tive em 2015. Recomendo! #LeiaUrgente.

[#LeiaResenhas] Pittacus Lore - A Queda dos Cinco (Os Legados de Lorien #4)

Crítica do Livro "A Queda dos Cinco", de Pittacus Lore. Montagem: Renato Souza.
Para quem estava acostumado com muitas cenas de ação, encontradas nos livros anteriores, principalmente em "A Ascensão dos Nove", certamente demorará alguns capítulos em "A Queda dos Cinco" para se acostumar com o ritmo menos eletrizante, não que isso seja um ponto ruim da história.

Neste quarto livro finalmente temos reunidos todos os "números". Dessa forma, vários pontos são esclarecidos com relação aos Legados de Lorien, mas ao mesmo tempo novas dificuldades e novos planos precisam ser inseridos no enredo. Na verdade, a obra que marca exatamente a metade da saga serve de prólogo para o que deve vir nos três últimos livros.

Suspense, intrigas, dilemas, treinamentos, retorno de personagem e aparição/reinserção de novos são encontrados neste surpreendente "A Queda dos Cinco". Os últimos capítulos foram de tirar o fôlego do leitor e servem para abrir um leque de situações que vão ser trabalhadas nas próximas sequências.

Não posso comentar muito sem dar spoiler, mas ainda estou sem acreditar em como tudo acabou e mais uma vez me pego ansioso para ler os próximos livros. Pittacus Lore sabe como escrever uma boa história, definitivamente. O nível não cai. Muito bom! #LeiaUrgente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

[#LeiaResenhas] Paula Hawkins - A Garota no Trem


“A Garota no Trem”, de Paula Hawkins, tem causado grande alvoroço nas redes sociais nos últimos meses devido ao seu sucesso estrondoso de vendas logo após o lançamento, o que gerou boas expectativas nos leitores. No entanto, o livro peca pelo excesso de enrolação, falta de aprofundamento psicológico e poucos fatos surpreendentes, uma decepção para 2015.

Crítica do livro A Garota no Trem, de Paula Hawkins. Montagem: Renato Souza.
Desculpe-me, mas a partir do momento que damos de cara com um livro best-seller e logo na capa está escrito “Se você gostou de Garota Exemplar vai devorar este thriller psicológico”, então preciso comparar “A Garota no Trem” com a obra mencionada de Gillian Flynn, e é aí que já começa a frustração.

É um completo equívoco querer comparar o enredo de Paula Hawkins com o de Gillian. Já disse anteriormente que coloco Garota Exemplar como um dos melhores livros que já li, pela descrição psicológica perfeita dos personagens e da habilidade de Flynn em escrever uma história tão surpreendente e com um excelente nível de acidez na narração, o que não acontece em A Garota no Trem.

Esta história é narrada sob o ponto de vista de três personagens: Rachel, Megan e Anna. No entanto, se não fosse o fato de vir o nome da narradora em cada capítulo e elas estarem inseridas em cenários diferentes talvez nem percebêssemos a mudança de personagem. Por mais que elas possuam características diferentes, a personalidade de cada uma não é tão marcante. As protagonistas e os coadjuvantes são pouco aprofundados e damos de cara com clichês mal inseridos, como o alcoolismo e a traição conjugal. As primeiras 100 páginas até apresentam uma boa crescente e nos fazem querer ler ainda mais, mas depois só cai devido ao tempo de enrolação. Quando pensamos que uma grande coisa será revelada, nos frustramos em perceber que foi só uma propaganda enganosa.

Veja bem, o momento da literatura mundial não é de histórias em que são necessárias quase todas as páginas da obra para poder revelar o que aconteceu de verdade na principal cena do livro. Além do autor (a) apostar muito, corre um grave risco de decepcionar o leitor, que apostou na história, chegou ao final e não se surpreendeu. Aqui preciso comparar mais uma vez com Gillian Flynn. Em Garota Exemplar, a autora começa com uma narração cansativa, apresenta uma grande evolução, com reviravoltas reais e incríveis, que instigam o leitor, e joga uma revelação bombástica depois da página 200 (de um total de quase 500), que melhora uma história que já estava beirando a perfeição. Assim, a todo momento nos deparamos com fatos surpreendentes que nos fazem querer acompanhar a história para “vermos onde essa loucura vai levar”, e simplesmente não conseguimos largar o livro tamanha é a inteligência da autora.

Quero ressaltar que A Garota no Trem não é uma história chata, que apresenta justificativas ridículas e falhas graves no roteiro. Apenas por isso a nota não é ainda menor. Porém, eu pelo menos estou atrás de autores que nos tragam algo de novo, que nos surpreenda mesmo quando pensamos em tantas possibilidades para o desfecho, que nos faça sentir uma adrenalina só de estar acompanhando o enredo. Paula Hawkins apresenta uma escrita boa, com coisas interessantes, mas é muito regular e pouco inovadora no estilo.

Eu poderia citar diversos suspenses psicológicos que se sobressaem se comparados ao "A Garota no Trem". Se este eu pensei que seria um dos melhores de 2015, coloco-o como uma das decepções do ano. Faltou, e muito! Não recomendo.