#LeiaResenhas Gillian Flynn - Objetos Cortantes. Montagem: Renato Souza. |
Gillian Flynn conseguiu conquistar uma legião de fãs após o sucesso de "Garota Exemplar", livro o qual eu coloco como um dos melhores que já li. No entanto, a grandiosidade dessa obra acaba colocando bastante peso nos outros livros da autora, mas era de se esperar que o seu primeiro livro (Objetos Cortantes) não se comparasse ao mais recente deles.
Logo no início percebemos a identidade de Flynn na escrita. Sem poupar palavras, através da narração em primeira pessoa acompanhamos a personagem "Camille" ir se revelando aos poucos para o leitor. As primeiras 50 páginas provocam certo tédio, mas a sua maioria é necessária para introduzir a repórter de volta a sua cidade natal - Wind Gap.
Uma característica que eu admiro demais na autora e que parece ser um padrão em seus livros é a justificativa psicológica para os atos dos principais personagens. Gillian não se contenta só em relevar um assassino, um vilão, um herói... ela precisa contar quais são as influências mentais de cada um, o que torna o enredo mais crível e prende o leitor. Esse é sem dúvida o ponto alto de "Objetos Cortantes", já que somos apresentados a alguns personagens complexos. No entanto, duas falhas graves foram cometidas em seu livro de estreia.
Eu não sei se é por pressão da editora em ter que completar certo número de páginas, mas achei diversos personagens desnecessários para a história, no sentido de você terminar de ler e nem lembrar o nome deles direito. Outra coisa: Flynn apresentou um bom desenvolvimento da história, mas arrastou o desfecho de maneira que temos a sensação de que as últimas 10 páginas foi o resumo de 30, no mínimo. O que deveria ter sido muito mais desenvolvido acabou ficando para trás. Uma pena, já que "a surpresa" da história não deve provocar alvoroço nenhum devido à falta de preparação para ela.
De fato, o livro poderia ter sido incrível, mas foi mais ou menos. Se pensarmos que foi apenas a estreia da autora, muitos erros devem ser ignorados, pois a história tem potencial e personalidade própria, mas como obra isolada deixou a desejar.