#LeiaResenhas Josh Malerman - Caixa de Pássaros. Montagem: Renato Souza. |
Curioso que desde sempre gostei de filmes de terror, mas nunca tinha lido um livro nesse estilo. Então dei de cara com o “Caixa de Pássaros”. Em um cenário pós-apocalíptico, as pessoas de repente começaram a surtar e a se matar de maneira bem violenta. Os eventos logo são atribuídos a alguma criatura misteriosa que eles enxergaram antes de enlouquecer e que ninguém sobreviveu para contar como essas criaturas são. Assim, o sentido da visão passa a ser o seu pior inimigo, uma vez que enxergar pode culminar a sua morte iminente.
O livro se intercala entre passado, quando o surto começou, cerca de quatro anos antes; e presente, composto pela protagonista Malorie e seus dois filhos, onde são poucos os sobreviventes no mundo. Logo no início você já se sente fascinado devido a diversos fatores. A escrita é bem feita e sem enrolação, o cenário é desesperador e a história se mostra bastante original. Pra mim, esses foram os pontos mais positivos do livro e que também me fizeram “devorá-lo” em apenas três dias.
No entanto, vou deixar aqui um conselho para aqueles que costumam sentir medo em coisas de terror: evite ler este livro à noite e em lugar muito silencioso, especialmente no quarto (risos). Eu já me considero acostumado com cenas de horror e suspense, mas percebi que ler por muito tempo essa história antes de dormir não seria uma boa. Houve capítulos que de fato causaram medo e adrenalina graças à boa condução do autor. Você começa a olhar para as janelas e para as portas da sua casa e a sentir certo medo, já que no livro os poucos personagens ficam trancafiados em uma casa e com as janelas todas cobertas para que nenhuma luz natural possa entrar. Sair a céu aberto pode custar suas vidas, a não ser que tapem os olhos. O tipo de medo que é possível sentir neste livro é parecido com aquele ao assistir a “Sinais”, um dos filmes que mais me causaram tensão justamente pelo fato dos protagonistas saberem que existem seres entre eles e não saberem ao certo o que são.
Apesar de todos esses aspectos positivos, é justamente por estarmos diante de uma história original e de grande potencial que sentimos que ela poderia ter dado um pouco mais. Mesmo com uma escrita bem conduzida e cenas assustadoras, o livro precisava ter apresentado maior agilidade e, principalmente, maiores surpresas, ainda mais por ser relativamente pequeno (268 páginas). Abordar um pouco mais os conflitos entre os personagens teria tornado esta obra perfeita, pois, apesar de se tratar de um terror com presença de criaturas sobrenaturais, ele tem grande enfoque no medo do desconhecido e na convivência e nas formas de sobrevivência dos poucos personagens quando existe a escassez de água e comida.
Então, com todos esses elementos, considero “Caixa de Pássaros” como um livro que poderia ter sido impecável, mas ainda sim foi uma grata surpresa que tive em 2015. Excelente estreia do autor. Recomendo com certeza!