#LeiaResenhas Jay Asher - Os 13 Porquês. Montagem: Renato Souza. |
Tenho certeza que alguns devem olhar minhas resenhas e devem falar que eu só dou nota alta, que devo gostar de tudo (risos). Não é bem assim. É que antes de comprar um livro eu pesquiso bastante sobre ele para ter certeza de que não vou errar, e dificilmente eu erro. Ou eu gosto muito do livro ao ponto de lê-lo o mais rápido que puder ou às vezes nem consigo terminá-lo, o que me impede até de fazer uma análise e vocês acabam nem sabendo que o achei ruim. Para “Os 13 Porquês” aconteceu a primeira opção e foram necessários dois dias para concluir a leitura.
Na curta sinopse, a obra conta a história dos 13 motivos que levaram a adolescente Hanna Baker a cometer suicídio. Ela gravou em fitas de áudio (sim, daquelas bem antigas) as histórias, que envolveram pessoas específicas, e programou para que elas recebessem o pacote na ordem com que elas aparecem no contexto. Assim, é a vez de Clay Jensen receber a encomenda e então acompanhamos o livro sob o ponto de vista dele.
Tudo é muito misterioso no começo. O protagonista, inclusive, não sabe por que está inserido nos porquês de Hanna. Cada capítulo é um lado de uma fita. Porém, no começo você se pergunta: “é sério que essa menina ficou afetada por uma coisa besta dessa?”. Mas é exatamente isso que torna o livro ainda mais interessante. Além da escrita incrível, que até lembra a de John Green, você sente a necessidade incontrolável de acompanhar a história e saber como os porquês iram se tornar mais graves e onde a “bola de neve” irá parar. O suspense é muito bem construído.
É engraçado que a forma como você vai enxergar esse livro vai depender muito da sua idade. Um misto de emoções e pensamentos passam por você durante a leitura. Todas as vezes que eu considerava Hanna fraca por se sentir atingida por coisas “pequenas”, eu lembrava que ela era uma adolescente e, como qualquer um deles, apresenta uma oscilação de sentimentos que precisa ser compreendida por quem está ao seu redor. Se esse adolescente não possui amigos verdadeiros e muito menos uma família que te ampare, então o caso se torna mais grave ainda. Portanto, ao terminar o livro passei a refletir um pouco mais sobre as pessoas e as nossas atitudes perante elas.
Não sei se todos passaram por uma experiência traumatizante na infância ou na adolescência, mas isso com certeza é capaz de te marcar por toda a sua vida. Alguns simplesmente conseguem superar e seguir em frente, mas não podemos esquecer que as pessoas e as circunstâncias em que elas se encontram são diferentes. É nesse cenário que precisamos tomar muito cuidado com o impacto das nossas atitudes na vida dos outros. É preciso compreender e, o mais importante, tentar ajudar o próximo. Perceber nas entrelinhas.
Por mais que eu ainda considere o suicídio uma fraqueza pessoal (e este livro ilustrou muito bem isso), pensar que todos reagem da mesma forma a tudo também é um completo equívoco. Reitero: ter amigos de verdade ou ter uma família que te compreende com certeza ameniza suas angústias, mas e quando você não tem nenhum dos dois?