#LeiaResenhas Julie Cross - Vortex. Montagem: Renato Souza. |
Talvez eu devesse começar por...
Ou talvez eu devesse explicar...
Ou então eu poderia citar...
Pois é, é ruim apresentar insegurança no texto dessa maneira, mas foi mais ou menos o que senti ao ler o segundo livro da trilogia “Tempest”, intitulado “Vortex”. Meio irônico cobrar uma sequência lógica de um livro sobre viagens no tempo, mas a falta de explicações para a história e uma coesão aceitável incomodou. Vou resenhar sem dar spoilers de nenhum dos livros.
No primeiro acompanhamos a trajetória do protagonista Jackson assistir ao assassinato da sua amada Holly e ficar preso em 2007 após saltar dois anos para o passado acidentalmente. Assim, mesmo com alguns pulos pelo tempo, conseguimos acompanhar o personagem principal e entender todo o enredo, que se mostrou bem conduzido pela autora, apesar de ter faltado um pouco mais de descrições dos cenários e das batalhas. Porém, se esses erros no primeiro livro não chegaram a incomodar, para o segundo tomou proporções bem graves.
Depois da decisão tomada por Jackson, acompanhamos as consequências desse ato em “Vortex” e nos deparamos com uma renovação surpreendente na história. Novos e bons personagens foram introduzidos e a questão das viagens no tempo foi trabalhada com muito mais complexidade do que imaginávamos. Se antes acompanhamos uma história mais simples, no segundo livro da trilogia muito mais elementos foram adicionados, até demais.
Julie Cross é boa em construir bons momentos e uma história bem original, mesmo quando o tema pode não ter muito o que oferecer de novo, como “viagens no tempo”. No entanto, a autora pecou demais em ter adicionado tantas coisas de uma só vez. Eu quis acompanhar para ver se no final teríamos explicações para tantas perguntas que foram sendo deixadas durante a obra, mas não, tudo ficou de fato mal explicado. Em outras palavras, não “engolimos” os porquês. Além disso, é quase impossível imaginar os cenários e como as lutas estão acontecendo. O leitor tem que ser mestre na adivinhação, pois faltam descrições básicas. Vejam bem: eu detesto livros que enrolam muito descrevendo tudo e todos, mas não descrever coisas essenciais também é revoltante.
Vortex tem pontos positivos. Existem bons diálogos e boas discussões sobre como o tempo funciona. Algumas cenas foram muito boas, mas às vezes ficou a sensação de que o capítulo precisou ser interrompido porque o tempo acabou (sem trocadilhos, risos). Quando parecia que começaríamos a entender o raciocínio, o desenvolvimento acabava.
Apesar de todas essas críticas que deixei registradas, quero ressaltar que a queda do primeiro para o segundo livro não deixou a história menos interessante e continuo querendo acompanhá-la, ainda mais pela forma como acabou, mostrando que podemos ter um terceiro livro muito bom e melhor do que este foi.
Vortex não entra para o rol de “decepcionantes”, até mesmo porque algumas perguntas poderão ser respondidas em "Timestorm". Além disso, como já disse em resenha anterior, o tema me agrada.